terça-feira, 21 de julho de 2009

Um encontro inesperado


Que loucura estou a cometer, seguindo uma mulher intangível, num vale (des)encantado, a noite e sozinho. O frio vai congelar-me, isso é loucura,
-Cambio!?

Não recebo respostas, as baterias já eram... devo seguir meus instintos agora.
Devo estar sob o efeito do Campari por querer ir adiante... é verdade que o sabor ainda está na minha boca, uhm...! sinto o cheiro do carvalho e do cedro do balcão, sinto-me de volta a taberna, as gaitas e os foles soprando, nos meus pés descansando frouxos nas botinas, no ar mormacendo.

Mas, ainda tenho um vale (des)encantado pra atravessar e contento-me molhando a boca na água turva e semi-doce do meu cantil.

-Quem dera fosse um Campari! - Imaginei resmungando.

Continuo perspicaz e oculto, mesmo a distancia, mantenho o silêncio entre meus passos e o soprar do vento... eu o escuto soprar e soprar, então paro por um instante, um rangido nas árvores, pela nuca um calafrio me desce a espinha, fico imóbil e apenas meus olhos se movem, vão ao chão e vejo minha sombra projetada nas folhas, estou numa clareira, visível e vulnerável, é um bosque de carvalho e carvalhos não rangem, uma outra vez um calafrio me desce a espinha, minha Winchester está presa as costas, o ranger fica forte, sei que está nas árvores, preciso ser rápido, deixo escorregar das mãos o astrolábio e então quando preparo-me para levar a mão as costas sou atingido com uma carga pelos ombros e vou ao chão. Estatelado de bruços, fico sem entender quem teria pulado sobre mim e ainda não me matado. Meio tonto, viro-me e vejo uma... uma... Arqueira Golmer *!? Mas não pode ser! Nunca acreditei nelas e nem no Reino das Fadas Verdes.




-Shííí... - Sussurando espreitou com os lábios pedindo silencio a Arqueira Golmer.
Com seu arco em punho, pediu-me silêncio pra não atrair a guarda da mulher taberneira, mas mesmo que desejasse dizer algo não poderia, estava mudo diante dela, não houve reação em mim, quando então disse-me ela:

- Venho em Paz! Saúdo-o em nome da Honra e do povo Golmer, em defesa do Reino das Fadas Verdes e de sua madrinha Mademoiselle ViVi d'Chantilly. Trago-lhe baterias extra ao teu rádio e notícias de JagCity, dos soldados além fronteira, a pedido de Mlle. ViVi d'Chantilly.

- Porque me golpeaste pelas costas? - Interompendo-lhe disse levando a mão a nuca dolorida.

-Atiraria em mim se tivesse chance! Eu o seguia desde a Taberna. - Disse-me sorrindo.

Após longamente escutar dar-me as notícias, refliti em silêncio até que disse:
- Está me dizendo que não houve roubo? Foi doação? - Retruquei.

- Isso mesmo! - disse firme a Arqueira Golmer.

- Como pude dúvidar da honra dos homens de JagCity? Devia saber que não são todos como seu Coronel. Sinto-me constrangido por tal!

- Digo-te mais Viajante, Mlle. ViVi d'Chantilly pede que siga com cuidado, pois o vale está todo ocupado pelos homens de Jucal, logo após as campinas dos Corvos Carecas. Já sabem de ti pelo Campari que bebeste no taberneiro, porém não lhe conhecem o rosto. Cuida não revelar-te!

- Vá, peço-te, e diga a Mlle. ViVi d'Chantilly que sou grato por seus preciosos cuidados, assim como pelas baterias. Com certeza não sobreviveria sem estas informações, devo-lhe minha vida e servirei a sua vontade. Peço permissão de ainda sim prosseguir em minha jornada e que volte para agradece-la com minha vida.

- Seja assim te feito homem, irei a Mlle. ViVi d'Chantilly e lhe falarei conforme suas palavras, mas devo antes passar e levar Creme de Leite e morangos.


Rapidamente a Golmer se foi, e eu retomei o caminho, dessa vez com a Winchester em punho e o astrolábio preso as costas... precisaria correr agora para alcançar a Taberneira e seus homens...