quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Gavetas Lotadas


- "Não sei..."

Está ai uma frase que não quer sair da minha cabeça.
Eu sempre tive muitas dúvidas, ainda mais depois que passei a aceitar a idéia de que a vida é cheia de incertezas.
A vida é incerteza. Que cruel e verdadeira é esta afirmação.

- "Não sei tantas coisas...que nunca aceitei não saber".

Eu mudei a minha maneira de pensar sobre a vida, sobre as coisas da vida, no sentido geral, sem desejar mudanças...mudei, mudei completamente, e isso mudou tudo e já não sou quem fui um dia. Sou outra pessoa, no mesmo corpo, na mesma vida, as mesmas pessoas, os velhos amores, os mesmo amigos, as várias histórias, meus cadernos antigos continuam a ocupar minhas gavetas, papéis e recados, recibos e tickets, cartões, lembranças, recordações...fotos, cartas...quantas coisas numa vida e tudo continua no seu 'mesmíssimo' lugar.
Por mais radical que seja uma mudança, nunca será capaz de alterar o passado...coisas antigas não podem ser alteradas, mesmo que ontem, não importa, alterar não é possível, o razoável é esquecer, fazer as pessoas esquecerem, viver coisas novas, respirar o hoje é essencial para que meus sonhos continuem vivos e proximos de mim.

- "Não sei tantas coisas...que nunca imaginei saber tudo".

Eu perdi muito tempo chorando, não sei o quanto, mas foi muito tempo, eu chorei descometido pelas certezas que tinha...que tolice!
Acreditava com certeza no que sentia e sentia com certeza no que acreditava.
Certezas traem, mais do que as mulheres traídas, muito mais (ou nem tanto assim, as mulheres traiem mais).

- "Não sei muitas coisas... mas desejei saber".

Nem sei porque estou escrevendo hoje...se minhas certezas são quase nenhumas.
Eu sei que mudei, não sei o quanto, mais foi muito, quase tudo, completamente 'quase' tudo.
Que loucura...quanta loucura...que tolice a minha!

Eu sou outro alguém, na minha essência, na gema, e respirar por coisas novas é necessário, é vital demais para que continue a ter um coração moribundo no peito, cheio e carregado de certezas frias. Não, eu não quero. Prefiro as muitas incertezas do que mulheres traídas.

Quero viver o inesperado a cada dia, o incerto, o duvidoso e o desconhecido...ir adiante com a vida e impulsionado pela vontade de descobrir coisas novas e todo dia me apaixonar de novo e de novo, fazendo do meu passado inalterável, quem sabe, imemorável apenas... já seria muito.

-"Talvez eu deva começar pelas minhas gavetas que estão lotadas..."

- "Não sei...e estou feliz por não saber".

"Só sei que nada sei..."
Platão