quarta-feira, 6 de junho de 2012

Insônia



Na minha cama não reclino a cabeça em travesseiro, nem mesmo quando deito.
A minha insônia não é física e mental, meu corpo padece a medida que a minha alma não descansa.
A rua que já foi como um lar, hoje é ambiente hostil, pois não vivo como antes, a luz da lua, noites a fio, quanto mais só, melhor. Apesar dos meus momentos de solidão interior, é sempre melhor só, companhia nunca foi meu forte, pois não há vivente que me entenderia, o que não deixa de ser uma pretenção descabida.
Nunca quis ser compreendido, pois na verdade, não há quem decifre os códigos da vida, os caminhos do coração são pessoais, e não dá pra esperar pelo inexistente. É um vazio, onde andam milhares de pessoas no vácuo do orgulho torpe desta sociedade falida.
Nego e negarei, sempre os modelos e estereótipos mundanos.
Admiro e venero só o que denomino como Sagrado, puro e santo, aos meus olhos é claro, a minha concepção de Deus, assim como a compreensão é interpessoal e única.
Meus códigos estão muito além das milhares de cadeias do DNA, são meus, e não preciso me parecer, alinhar-me a modelos, os de beleza, de sucesso, de comportamento.
Acredito que não pratico o mal (a não ser a mim mesmo), e que moralmente, posso ser imoral a esta sociedade, mas a minha verdade revelado no meu Sagrado é superior a ideologia humana.
Sou errante, informe, inconstante, metaformo, sou humano como todos, mas não aceito o que vejo e negar tudo isto é o meu protesto aberto!
Quero mais da vida, do que sucesso, reconhecimento, status, mais do que o ápice do prazer sexual, mais do que os delírios humanos.
Diante deste Evereste da escala social, onde todos almejam chegar ao topo, fico com os pés no chão e sigo pelo caminho inverso em direção ao deserto.
Tenho metas, objetivos, anseios, mas tenho nojo de ser obrigado a participar do sistema. É a sobrevivência não é? Qual é o valor de chegar ao fim da vida bem sucedido, bem casado, numa casa grande e confortável, rodeado de pessoas que amo e que me amam?
Amo quem me ama e quero estar com os que amo, mas... E os outros? Esquecidos de si próprio esperam pelo milagre que negamos fazê-lo.
Não somos deuses, mas podemos mudar a realidade do outro, concretizar o amor na vida de quem precisa, isto s im é milagre! Imagino como as preces por milagres soam ao ouvido do divino, quando nós tão capazes não fazemos nada, a não ser tomar um lugar de espectadores!
Parece utópico? Ou estou ficando louco de acreditar que posso servir, viver, deleitar-me ao um prazer maior, ao um propósito maior?
O que me tira o sono?
O que me faz ser assim?
Esse é o registro da minha insatisfação!
Não me impressiona os grandes fenômenos da natureza, fico satisfeito com o cair singelo vida chuva, com o canto do canário, com o quebrar das ondas... O simples sempre me seduziu... É meu caminho!
Mas vejo a indiferença ferir-me, na fome e nas doenças dos Africanos, na desigualdade na América Central, nos abismos sociais pelo mundo, onde o Eu impera tiranamente comtra vidas humanas. Um sistema assassino que me oprime na banalização da vida, no genocídio, na pedofilia, no homicídio, no suicídio, e em tantas outras atrocidades.
Lamento...
Sofro... E choro,

E minha alma derradeiramente não adormece tranqüila...
Não a paz pra mim neste mundo!
Mas não posso sair dele, virar as costas não é uma opção!
Só me resta lutar, fazer minha parte, fazer diferente, viver a diferença: Amar o desprezado!
Minha alma cansada, ferida, chora, lentamente assim como agora nesta noite fria observo a garoa Gina cair vagoramente...
E a minha esperança é como o dia de amanhã, sem certezas do que será, mas certo que virá e haverá luz a este moribundo solitário!
Fé no amor!

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